Calma gente, antes de chorar e achar que seu número de viagens por ano vai diminuir por isso, vamos entender bem o que muda e o que não muda com a nova regra da ANAC que PERMITE que cias aéreas cobrem pela bagagem despachada.

É só no Brasil?

Antes de tudo, vale esclarecer que essa já é uma prática mundial e essas novas medidas colocam o Brasil em um patamar internacional (Apenas Venezuela e Brasil ainda regulavam as franquias de bagagem dessa maneira), além de nos dar clareza sobre os serviços que estão sendo cobrados.

No Brasil, assim como em diversos outros setores haviam leis que submetiam as cias aéreas à algumas regras, nesse caso determinavam que as empresas eram obrigadas a oferecer gratuitamente uma franquia de 23 quilos para passageiros domésticos e de duas malas de 32 quilos para voos internacionais, independente do valor de passagem paga.

Quais as vantagens?

Essa regra inviabiliza que empresas low-cost como a Ryanair, queridinha dos mochileiros pela Europa, atuem no Brasil. Segundo a Anac, apesar da possibilidade de as empresas passarem a cobrar pelo despacho de malas, cada companhia terá autonomia para criar suas regras próprias de bagagens, inclusive, mantendo as franquias atualmente em vigor. Com isso, a expectativa é uma queda nos preços e até a chegada dessas companhias low-cost.

Qual é o medo?

Obviamente há um receio entre os passageiros de que essa mudança só favoreça as empresas aéreas, mantendo os preços iguais mesmo sem bagagem gratuita. E os preços provavelmente continuarão a subir, pelo menos acompanhando a inflação e ajustes de impostos.

Mas, se seguirmos os mesmos rumos mundial, a partir de agora as cias poderão estipular franquias menores de bagagem e, em contrapartida, oferecer passagens mais baratas aos consumidores, que poderão ser usadas pra quem deseja apenas o deslocamento e não precisa de muita bagagem, porém as passagens econômicas com franquias de bagagem inclusas não deixarão de existir.

Nos Estados Unidos, por exemplo, há uma tarifa fixa para a primeira mala de até 23kg, e essa pratica deve ser copiada no Brasil, assim, quem for viajar apenas com bagagem de mão, não precisará pagar por bagagem sem usar.


Por que estão cobrando bagagem agora?

Se você obriga à cia a fornecer ‘X’ franquia de bagagem para todas as passagens vendidas, independente da categoria, esse valor de transporte de ‘X’ deverá ser cobrado em todas as passagens.

Isso significa que em todas as viagens que você fez que não usou totalmente o seu limite de bagagem, você pagou por ele sem usar. E se você tivesse recebido um desconto pelos quilos que levou a menos, não seria ótimo? Não seria mais justo pagar apenas pelo que usou?

Agora haverá essa possibilidade. O desconto será de 100% para os que comprarem a passagem sem franquia de bagagem, e você pagará pelo quilo do que levar apenas.

Ok! Eu entendo que é chato ter que pagar ‘a mais’ por algo, a gente sempre fica com a sensação de estar sendo lesado, é bom achar que estão te dando de presente esses volumes e quilos de bagagem.

Mas esse sentimento é similar ao de pagar por frete em compra online, a gente sempre acha ruim, mas pode ter certeza de uma coisa, NADA é de graça, se um produto é FRETE GRÁTIS, é porque o valor do frete já está incluso no valor final dele.

Franquias de bagagem por companhia

Para a gente ter uma noção da prática de mercado atual, seguem as franquias de bagagem de cada cia, note que elas já são distintas, independente de obrigatoriedade de franquia ou não.

LATAM

Tipo de vooFranquiaTipo de TarifaDimensões
Domésticos23 kg sem limite na quantidade de malasEconomy158 cm
Domésticos96 kg distribuídos em até 3 malasPremium Business158 cm
América do Sul2 malas com até 23 kg no totalEconomy158 cm
América do Sul3 malas com até 69 kg no totalPremium Business ou Premium Economy158 cm
Outros Internacionais64 kg ao todo, em 2 malas de 32 kg cadaEconomy158 cm’

GOL

Tipo de vooFranquiaTipo de TarifaDimensões
Domésticos23 kgNão consta203 cm
América do Sul23 kgNão consta203 cm
América do Norte2 vol de 32kg cadaNão consta203 cm
América Central e Caribe1 vol de 23kgNão consta203 cm

Azul

Tipo de vooFranquiaTipo de TarifaDimensões
Domésticos23 kgNão consta158 cm ou 62”
Internacionais2 vol de 32 kg cadaEconômica158 cm ou 62”
Internacionais3 vol de 32 kg cadaBusiness Light158 cm ou 62”

Avianca Brasil

Tipo de vooFranquiaTipo de TarifaDimensões
Domésticos23 kgIndiferenteNão consta
Internacionais1 ou 2 vol de 32 kg no totalEconômicaNão consta
Internacionais2 vol de 32 kg cadaBusinessNão consta

Air France

Tipo de vooFranquiaTipo de TarifaDimensões
Todos os voos1 vol de 23 kgEconômica158 cm
Todos os voos2 vol de 23 kg cadaEconômica Premium158 cm
Todos os voos2 vol de 32 kg cadaExecutiva158 cm
Todos os voos3 vol de 32 kg cadaPrimeira Classe158 cm

Alitalia

Tipo de vooFranquiaTipo de TarifaDimensões
Todos os voos23 kgEconômica158 cm
Todos os voos2 vol de 32 kg cadaExecutiva158 cm

British Airways

Tipo de vooFranquiaTipo de TarifaDimensões
Todos os voos2 vol de 32 kg cadaClasse Econômica e Econômica Premium208 cm
*Dados coletados diretamente dos sites das companhias aéreas. As condições franquia de bagagem podem mudar sem aviso prévio. Para verificar se os dados estão atualizados, clique no nome da companhia aérea.

Conclusão

Claro que essa é apenas uma possibilidade de rumo que essa liberação poderá tomar, vai depender de decisões internas de cada empresa e isso é ótimo! Teremos mais flexibilidade e liberdade de mercado para escolher o que for melhor para aquela nossa viagem.

Se alguma companhia começar a se aproveitar e cobrar ainda mais caro pelas passagens e bagagens, o resultado será orgânico, ela vai diminuir o número de passagens vendidas e perder fatia de mercado.

Então a previsão é de melhoria para o consumidor e cada vez um poder maior de escolha. Já prevejo vários novos viajantes graças à essa flexibilidade de passagens no Brasil! 🙂

Nós temos mais do que uma companhia aérea atuante no país, comece a usar a outra. Isso poderá gerar uma competição bem saudável e interessante para nós passageiros.