Pra quem não sabe: No Domingo de Ramos comemora-se a entrada de Jesus Cristo em Jerusalém, onde ele foi aclamado como o Filho de Deus por multidões que estavam abanando ramos de oliveira e palmeira.

A comemoração não tem uma data fixada, pois é uma festa móvel celebrada sempre no domingo anterior à Páscoa.

A “entrada triunfal” de Jesus em Jerusalém, que mesmo sendo filho de Deus chegou montado em um jumentinho, deixava claro toda sua humildade e ficou registrado nos quatro evangelhos canônicos (Marcos 11:1, Mateus 21:1-11, Lucas 19:28-44 e João 12:12-19).

Tradições do Domingo de Ramos

Existem muitas tradições nessa época, algumas associadas à quaresma, outras à páscoa, mas o Domingo de Ramos é conhecido pela cerimónia geral da bênção dos ramos, que é comum a todos os povos católicos.

Nessa cerimônia há a distribuição de folhas de palmeiras para os fiéis reunidos na igreja. Em lugares onde é difícil consegui-las por causa do clima, ramos de diversas árvores são utilizados. Há quem colha seus próprios ramos também e preserve-os em casa.

Também é comum encontrar-se ramos de palmeiras colocados em forma de cruz nas igrejas e nas ruas.

Os ramos que previamente foram benzidos na igreja são levados para casa para protegerem e darem sorte. Também há a tradição dos afilhados oferecerem flores ou ramos aos seus padrinhos e madrinhas, os quais, no domingo seguinte, retribuem o gesto com o “folar”, isto é, como a prenda da Páscoa.

Tradições do Domigo de Ramos em Portugal

Em Portugal, é adicionada uma variedade de costumes particulares, próprios das diversas regiões, que valem ser valorizados e preservados.

  • Ramos: Em certos locais são os próprios fiéis quem levam à igreja, por vezes de véspera, os «palmitos» – raminhos de alecrim, oliveira, loureiro, palmeira, por vezes ornamentados com fitas coloridas, algumas com as folhas enroladas formando espirais e esbanjando o capricho que a data merece.
  • Tempestades: Há mais uma crença em todo o País, a de que os ramos previnem contra as trovoadas. Nas tempestades deve-se queimar umas folhinhas secas do ramo bento para abrandar os elementos e evitar o perigo.
  • Alimentares: Quase todas as cerimónias cíclicas ou calendárias têm as suas tradições alimentares. As refeições ou manjares cerimoniais, por vezes com práticas especiais, criam um momento de ‘comemoração’ (comer em memória) e mostram a importância do alimento na formação dos ritos. O manjar cerimonial do domingo de Ramos em muitas regiões do País, e mais especialmente no Norte, é a castanha, sob a forma de caldo de castanhas piladas, feito geralmente com feijão branco.

Tradições do Domigo de Ramos em Carreço – Viana do Castelo

A ordenação da cerimónia fica a cargo da Mordomia da Cruz: são os Mordomos do ano que acompanharão o padre no Compasso pascal, quem decora a igreja, distribui os palmitos benzidos, e oferece ao padre o seu próprio ramo, maior e mais bonito do que os demais.

No final da cerimónia, à saída da igreja, as raparigas dão as folhas trabalhadas do seu ramo aos rapazes, que as ostentam na lapela.

Tradições do Domigo de Ramos em Lousada – Penafiel

Além dos ramos individuais, que cada pessoa leva, há também, no meio da igreja, um grande ramo de oliveira, muito enfeitado com flores e fitas, que o padre abençoa ao mesmo tempo que os demais.

Tradições do Domigo de Ramos em Quintanilha – Bragança

Cada pessoa leva o seu ramo, de rosmaninho e mimosa, mas o sacristão arranja também um grande ramo de oliveira, que é desfeito em pequenos raminhos para que chegue à todos os fiéis.

As Mordomas da Senhora oferecem ao padre ainda um terceiro ramo, também de oliveira, mas especial, decorado com um laço de seda. O padre benze o ramo grande e o raminho de cada pessoa, e empunhando na mão o ramo ofertado pelas Mordomas vai distribuindo por todos o ramo grande.

As pessoas cortam um galhinho da parte que lhes coube, e vão-no desfolhando à volta da igreja, rezando um padre-nosso e uma ave-maria a cada folhinha. O padre, entretanto, depois de ter dado a todos a galha do ramo grande, vai depor no altar da Senhora o ramo que as Mordomas lhe haviam dado, e que levara na mão enquanto distribuía o raminho de cada um.

As pessoas, por seu turno, guardam o resto do seu ramo bento, e na ocasião da visita pascal, colocam-no na sala.

Aqui também acredita-se que o ramo pode ajudar a previnir as trovoadas, protege a casa, de modo geral, contra todos os «maus ares».

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Tradições do Domigo de Ramos em Escalos – Castelo Branco

Ao mesmo tempo que os ramos, as pessoas levam também por vezes um pão que o padre benze igualmente, e que fica ‘pão bento’ e com virtude durante todo o ano.

Aqui acredita-se que o ‘pão bento’ deve ser comido ou dado de comer ao gado um bocadinho quando troveja, para abrandar e afastar o perigo.

Tradições do Domigo de Ramos em Guimarães

No cerimonial cristão, as palmas e ramos bentos deste dia que ficam em posse da Igreja, são guardados na sacristia até à Quarta-Feira de Cinzas do ano seguinte. Na quarta de cinzas eles são queimados, para com as suas cinzas ser imposto o sinal da cruz na fronte dos fiéis que comparecem à missa das Cinzas.

Mas em Guimarães essa queima tem lugar na Terça-Feira de Entrudo

Os «palmitos» do domingo de Ramos são conservados durante o ano, ficando as vezes na cozinha, outras na cabeceira da cama, outras ainda no oratório ou junto de qualquer imagem religiosa.

Hoje é Domingo de Ramos - Mundo Português
Fonte: mundoportugues.pt

Tradições do Domigo de Ramos em Odesseixe – Algarve

Aqui também acredita-se que nas tempestades deve-se queimar umas folhinhas secas do ramo bento para abrandar os elementos e evitar o perigo.

Como os «ramos» são de palma, deve-se abir uma folha ao meio, e põr as duas metades em cruz sobre o lume.

Qual é o verdadeiro sentido das Palmas do Domingo de Ramos?

TRADIÇÕES DO DOMIGO DE RAMOS no Alentejo

No Alentejo, além da parte que se conserva em casa, uns galhos do ramo bento são postos nos campos, montados geralmente em canas dispostas em cruz, que fica aparente acima das plantações.

Nessa tradição fica evidente também a intenção purificadora e protetora.

Tradições alimentares do Domingo de Ramos

Além das tradições dos ramos, no Norte é muito comum encontrar o manjar cerimonial do domingo de Ramos, que é a castanha, sob a forma de caldo de castanhas piladas, feito geralmente com feijão branco.

É mais provavel encontrar nas casas dos cristãos que moram no Porto, em Lousada (Penafiel), Mindelo, Paços de Ferreira, Cinfães, Fafe, Areias (Santo Tirso), Caldeias (Braga), etc.

O costume das castanhas pode ter crescido pelo mito de que nesse dia não se podia ir às hortas nem apanhar ou comer hortaliça, sob algumas penas que são diferentes pelos concelhos:

  • Crença de Cinfães: Pena de aparecerem bichos na sopa, ou entrar azar na horta
  • Crença de Fafe: Pena de irem os lagartos todo o ano à horta
  • Crença de Areias: Pena de as couves ganharem piolho
  • Crença de Caldelas: Pena de a horta se encher de piolho.
  • Vila Real de Trás-os-Montes: “Comer hortaliças nos Ramos é comer lagartos todo o ano”
  • Freixo de Numão: “Comer hortaliças nos Ramos é fazer crescer bichos na barriga”

Em função do desaconselhamento de ir à horta no domingo de ramos, em Caldeias as couves para o porco são apanhadas mesmo de véspera.

Nas Beiras, o costume também é conhecido, e em alguns lugares tomam o caldo de castanhas feito com leite, açúcar e canela, o nome de cáldulo.

Em Mangualde e em Oliveira do Hospital, os castanheiros já foram abundantes, mas hoje não mais. Aos poucos as receitas que incluiam castanhas foram substituidas pelas de batata. As castanhas dos poucos castanheiros que restaram são reservadas para o domingo de Ramos e Sexta-Feira Santa, em que o povo não come hortaliça.

Isso mostra que a castanha pode ter se tornado um alimento tão representativo que se revestiu de carácter sagrado.

Tradição dos Padrinhos e o Domingo de Ramos

Em Portugal, há a tradição dos padrinhos oferecerem um folar aos seus afilhados. Mas a oferta do folar é precedida e condicionada pela oferta, por parte do afilhado, de amêndoas ou flores, no domingo de Ramos.

Folar: É tradicionalmente o pão da Páscoa em Portugal, confecionado por água, sal, ovos e farinha de trigo. A forma, o conteúdo e a confecção varia conforme as regiões de Portugal e vai desde o normal ao salgado, nas mais diversas formas. Em algumas receitas é colocado um ovo ainda com casca no centro, que cozinha junto ao pão.

Folar da Páscoa | VortexMag

Em S. Mamede do Tua.

As crianças levam, fixos em paus, ramos de alecrim onde pendem laranjas e doces, que são benzidos e oferecidos depois às suas madrinhas, para delas receberem o folar no domingo de Páscoa.

Em Paços de Ferreira

Aqui há uma tradição entre namorados, onde os rapazes oferecem às suas namoradas uma rosca de pão leve no domingo de Ramos, e elas respondem com um pequeno folar no domingo de Páscoa.

Em Santo Tirso

Na noite do sábado que precede o dia de Ramos, os rapazes colocam à porta das raparigas flores e uma rosca de pão-de-ló para delas receberem também um folar na Páscoa.


Não de forma única e muito concreta, vemos tradições associadas ao domingo de Ramos que objetivam nos recordar de que um dia, Jesus Cristo entrou pelo portão dourado de Jerusalém e foi aclamado pelo povo simples que O aplaudia como “Aquele que vem em nome do Senhor”.